Presidente do Banco Central fala sobre autonomia financeira e riscos fiscais
Campos Neto ainda elogiou a PEC 65, que permitiria ao BC estabelecer contratos com empresas privadas para uma gestão mais eficiente
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou a importância da autonomia financeira da instituição, expressando preocupação com a redução do orçamento e seus impactos práticos, como no funcionamento do Pix. Durante um evento em São Paulo nesta segunda-feira (22), Campos Neto falou sobre os investimentos do ano de 2024. “Neste ano, nosso orçamento de investimentos foi de R$ 15 milhões, isso é um quinto do que foi há cinco anos. Chegamos ao risco de alguma hora falar ‘como é que a gente vai conseguir fazer rodar o Pix?’”, disse. Ele ressaltou que as paralisações dos funcionários por ajustes salariais e contratações estão atrasando a implementação da agenda digital do Banco Central, que inclui avanços no Pix e a criação do Drex, moeda digital em fase de testes. O presidente também defendeu a PEC 65, que permitiria ao BC estabelecer contratos com empresas privadas para uma gestão mais eficiente. “Por exemplo, no Drex eu tenho ajuda de várias empresas, da Microsoft, da Parfin, e, para fazer os contratos é muito difícil, porque a máquina pública não programou esse tipo de contrato que precisamos na gestão moderna”, afirmou.
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Questionado sobre o apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à PEC, o presidente do BC afirmou que é necessário esclarecer alguns pontos, mas que tem sentido boa vontade no Legislativo para a aprovação. “O ministro (Fernando Haddad) tem falado que não é conta, mas que precisa esclarecer alguns pontos. E no Legislativo, no Senado, eu tenho sentido uma boa vontade para aprovar”, afirmou o economista. Sobre a transição no comando do BC, Campos Neto garantiu que será um processo suave e construtivo, com a continuidade da agenda de digitalização da instituição. “O Banco Central tem todos os ingredientes para ter uma continuidade nas políticas que a gente está fazendo. Os técnicos do BC são muito bons, e qualquer um que entra no BC rapidamente entende que grande parte do que a gente faz vem de uma trilha mais antiga e que tem aspectos técnicos que preponderam”, afirmou. Já em relação a sua trajetória sob comando no BC, o economista alegou que sentiu certo receio no início. “Eu tinha um grande temor de não estar preparado para aquilo. Quando sentei na cadeira, a primeira coisa que pensei foi ‘por que estou aqui?’, ‘será que tenho capacidade de estar aqui?’ e aí com o tempo você vai aprendendo. Contei com muita gente boa no BC que me ajudou. Fizemos o Pix no meio da pandemia, com as pessoas trabalhando de madrugada, eu aprendi muito com eles.”
Campos Neto alertou para o risco fiscal global, destacando que a realidade fiscal dos países está descolada da política monetária, o que pode impactar os investidores. Ele avaliou que o Brasil está um pouco abaixo da média em relação a outros países emergentes para investimentos estrangeiros, citando peculiaridades como empresas estatais e juros mais altos. A Selic está em 10,75% ao ano, após cortes promovidos pelo BC, e tem sido alvo de críticas do governo.
*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicada por Tamyres Sbrile