A fintech que sucedeu os bancos e as corretoras de câmbio
Se no ano de 2011 alguém te perguntasse o que é uma fintech de câmbio ou de remessa online, você saberia responder? Bem, provavelmente, você não, tampouco as corretoras de câmbio e os bancos de middle market, que, apesar de serem bancos múltiplos, acabam tendo uma vertical de receita muito expressiva do viés cambial, e, às vezes, sendo chamados popularmente de Bancos de Câmbio, porém, em sua grande maioria, são bancos múltiplos familiares. O fundador da Abrão Filho diz que em 2011 resolveu tropicalizar a “Cross-Border Paytech”, com origem no Reino Unido, inserindo umas pitadas de “Money Service Business”, nascida no nosso amigo TIO SAM, e claro, explorando juridicamente a figura normatizada pelo CMN e BACEN: Correspondente Bancário e Cambial no país.
O fundador, e hoje middle-officer, à frente da transformação digital e estratégia empresarial da maior fintech bancária e cambial do país nos contou quais foram os calcanhares de aquiles das corretoras de câmbio e dos Bancos de Middle Market para que a empresa tivesse, em 12 anos, um crescimento de 60% a.a. “Comecei com um mix de e-commerce e comparador de preço de câmbio turismo, o Cambiar.com.br. Lá, modulava, processava e arquivava, para acesso em tempo real, as transações de câmbio manual e sacado. Foi aí que percebi o quão deficiente era o mercado bancário e cambial brasileiro”. Essa deficiência, citada por Leonardo, de fato, se dava a falta de concorrência, ou seja, a grande centralização dos serviços financeiros e bancários em geral, que há 13 anos era muito diferente do que vemos hoje.
No ano de 2011, a desbancarização do brasileiro era muito mais elevada do que hoje. Dados de pesquisa realizada pela fundação Dom Cabral em conjunto com a Brinks mostram que, no ano de 2022, 36% da população brasileira era desbancarizada, sendo esse número 30% maior em 2011. Esse foi um cenário foi propício para que o BACEN internasse no Brasil a correspondência doméstica de instituições financeiras, com finalidade bancária, creditícia e cambial, e essa onda a Abrão soube surfar com maestria. A figura da instituição de pagamento veio surgir somente em 2013, data de sua legislação. Data então que os “bancos digitais”, que na verdade não são instituições financeiras bancárias, começaram a surgir. Mas quais foram os gatilhos para que a Abrão Filho superasse uma série de bancos e corretoras de câmbio tradicionais?
Segundo Léo Abrão, a tecnologização veio somente a partir de 2019. De 2011 até lá, o caminho foi o da desburocratização e comercialização de produtos e processos confusos, pouco eficientes e caros. “As corretoras de câmbio e os bancos de middle não possuíam (muitos ainda não possuem) especialização produtória, com dificuldade em discernimento entre méritos técnicos legais, comerciais, fiscais e puramente organizacionais. O nosso trabalho, de 2011 a 2018, basicamente foi instaurar governança operacional, comunicacional e inteligência comercial em 11 bancos que tivemos contrato a título de correspondência bancária e cambial.”
Somente em 2019 a Abrão Filho passou a contar com equipe de desenvolvimento própria, e aí, sim, informatizar e automatizar sua criação, precificação e regramento operacional-comercial. Hoje, a fintech trabalha de maneira 100% remota, com 3 extranets, integralmente, e um intranet integralmente WEBS, que movimentaram, apenas nos dois últimos anos, mais de 2,4 bilhões de dólares norte-americanos. A Abrão Filho celebrará 13 anos de fundação no próximo mês de julho, uma jornada de pré-adolescência de uma empresa que mixou a startup de remessa online, com fintech de câmbio e correspondência bancária-cambial. O que estará por vir?