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Veja os sintomas e como combater a síndrome do cérebro de pipoca


O excesso de informações pode prejudicar a saúde mental O excesso de informações pode prejudicar a saúde mental Imagem: Drawlab19 | Shutterstock

A internet, o acesso fácil à informação e a possibilidade de trabalho remoto são algumas vantagens da vida moderna, mas a tentativa frenética e descontrolada de se manter atualizado e produtivo começa a surtir efeitos indesejados na saúde mental.

Na expectativa de processar várias tarefas ao mesmo tempo, a mente dá sinais de exaustão. Que atire a primeira pedra quem nunca se perdeu nas dezenas de abas abertas simultaneamente na tela do computador e, é claro, no cérebro.

Síndrome do cérebro de pipoca

Pensamento acelerado, dificuldade de foco, pouca concentração, baixa produtividade e a sensação incômoda de não conseguir acompanhar o ritmo do mundo moderno são tão comuns que já têm até nome: síndrome do cérebro de pipoca.

O termo foi usado pela primeira vez em 2011 pelo cientista da computação David Levy para descrever a impressão de que o cérebro “pula” insistentemente de uma atividade para outra. De lá para cá, a expressão se popularizou e, ainda que Levy seja um defensor da inteligência artificial, ele faz críticas severas ao uso excessivo da tecnologia — principalmente ao que ele chama de vida multitarefas.

Mestre em Análise do Comportamento, o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos diz que as pessoas têm a falsa impressão de serem mais produtivas quando fazem várias coisas ao mesmo tempo, mas alerta: “Esse comportamento tem ‘armadilhas’ e pode afetar a saúde mental, piorar a nossa capacidade criativa, reduzir a produtividade, levar à exaustão mental e causar uma sensação de ineficiência e impotência”.

Redução da capacidade de concentração

De acordo com Guilherme Alcântara Ramos, que é professor do curso de Psicologia da UniCuritiba — instituição que integra a Ânima —, a síndrome do cérebro de pipoca gera um círculo vicioso e leva as pessoas a buscarem cada vez mais informação e agilidade nas tarefas, tornando inalcançáveis a plena satisfação e a produtividade.

O livro “Atenção: Uma maneira inovadora de restaurar o equilíbrio, a felicidade e a produtividade”, escrito pela psicóloga Gloria Mark, professora PhD da Universidade da Califórnia, traz dados alarmantes sobre o assunto. Segundo a autora e pesquisadora dos impactos da mídia digital na vida das pessoas, a capacidade média de concentração passou de 2,5 minutos em 2004 para 75 segundos em 2012.

Hoje, esse tempo não passa de 47 segundos. Ou seja, em menos de um minuto, o cérebro “exige” algo novo. Já o tempo necessário para recuperar a atenção em uma tarefa perdida pode levar até 25 minutos. Essa incapacidade de foco, atenção e permanência em uma única atividade não impacta apenas o trabalho e os estudos. “As relações sociais e até a saúde são prejudicadas, já que a síndrome do cérebro de pipoca leva à impaciência e irritação, tornando as pessoas menos sociáveis e mais ansiosas”, avisa Guilherme Alcântara Ramos.

Como reconhecer a síndrome do cérebro de pipoca

Não é difícil encontrar quem se sinta sobrecarregado ou pouco produtivo, e as respostas para algumas questões simples podem confirmar se você também é “vítima” da síndrome do cérebro de pipoca. Faça essas perguntas a si: 

  • Você se distrai com facilidade mesmo quando tem um trabalho urgente a fazer?
  • Desativou as notificações dos aplicativos de mensagens e, mesmo assim, checa o app a todo instante?
  • Tem a sensação de que o cérebro não tem mais espaço para lembrar dos compromissos e das obrigações?
  • Durante uma conversa, esquece o que ia dizer e se perde no raciocínio?
  • Interrompe atividades importantes para checar sites e aplicativos e esquece de retomar o que estava fazendo?
  • Sente-se impaciente e irritado, inclusive com fatos que não interferem diretamente na sua vida?
  • Vive em permanente estado de urgência e com dificuldade para esperar por algo que, na sua opinião, já deveria estar concluído?
  • Tem dificuldade para se concentrar em uma só tarefa (ler um livro, assistir a um filme do início ao fim, fazer um relatório de trabalho ou estudar sem interrupção)?
  • Não consegue ficar longe do celular por muito tempo e precisa “transitar” por vários sites e aplicativos várias vezes ao dia?
Incluir atividades que não precisam de telas ajuda a recuperar a saúde mental Imagem: VectorMine | Shutterstock

Dicas para recuperar a saúde mental

Se você respondeu sim para a maioria das perguntas, é hora de reavaliar alguns hábitos. O psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, professor do UniCuritiba, lista 6 dicas para tratar a síndrome do cérebro de pipoca. Veja abaixo! 

1. Limite o uso de telas

Limite o tempo de uso de telas. Se ficar conectado for uma exigência do trabalho, monitore e anote o tempo que você gasta em atividades “inúteis”. Fazer esse registro ajuda na tomada de consciência.

2. Faça um detox digital 

Dedique um tempo para o detox digital. É necessário dar um descanso ao cérebro para que ele encontre, no “ócio”, formas de se recuperar.

3. Faça atividades que não necessitam de telas

Incorpore à rotina diária atividades físicas, de relaxamento, de lazer e o contato com a natureza. Aposte em ações livres de tela, como esportes, artes, música, leitura, meditação etc.

4. Compreenda e corrija seus hábitos

Entenda quais são hábitos que drenam sua energia diante da tela. Mantenha jornadas exclusivas para o trabalho e o estudo, reservando um horário específico para acessar sites e aplicativos.

5. Desinstale aplicativos temporariamente 

Se for necessário, desinstale aplicativos, mesmo que seja por tempo predeterminado ou até que você adquira autocontrole.

6. Faça pausas durante o dia 

Faça pausas entre as tarefas que precisam ser feitas no computador, celular ou tablet.

Por fim, o psicólogo faz um alerta: “Se, com todas essas estratégias de ‘higiene mental’, você ainda se sentir sobrecarregado, exigido ao extremo, impaciente, ansioso e mentalmente exausto, como se não conseguisse absorver todas as informações que precisa, procure a ajuda de um especialista”.

Por Marlise Groth 





Fonte: Jovem Pan

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