‘Menos de 30% dos americanos concluem graduação’, aponta advogado especialista em imigração
Dado evidencia falta de profissionais com qualificações específicas no país e abre caminho para a recepção de trabalhadores no país que concede 200 mil green cards por ano
De acordo com dados da Bureau of Economic Analysis (BEA) publicados em 30 de maio, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2024. A economia norte-americana está hoje em US$ 28,28 trilhões. Para efeito de comparação, a economia brasileira fechou o ano de 2023 em US$ 2 trilhões, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A economia norte-americana é maior do que da Europa e América Latina somadas. Isso gera profundos reflexos na sociedade, na cultura e nos costumes. Ganhar a vida nessas condições é muito mais fácil, as oportunidades são imensas, os empregos abundantes, e isso tem consequências boas e ruins”, esclarece o advogado Gustavo Rene Nicolau.
Licenciado nos Estados Unidos e no Brasil, com Mestrado e Doutorado pela USP, Gustavo Nicolau é considerado uma referência jurídica no assunto imigração, sendo sócio de um dos principais escritórios de advocacia do segmento, o Green Card US, que já beneficiou milhares de pessoas nos últimos anos. “O americano médio percebeu que, mesmo se não cursar uma faculdade, terá uma vida digna. Uma das consequências é que menos de 30% da população conclui uma graduação. Isso faz com que faltem empregados qualificados para abastecer a enorme economia americana.” É uma ótima oportunidade para os brasileiros que querem imigrar para os Estados Unidos. Não por acaso, o sistema americano de imigração distribui 200 mil green cards por ano, apenas considerando aqueles cujo critério é a carreira do candidato.
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Políticas assistenciais
Se por um lado, períodos de recessão ou crescimento são sentidos com menos impacto, por outro lado, existe um governo presente, capaz de interferir na economia de maneira eficaz. Nicolau explica que o período da pandemia foi um ótimo exemplo para observar essa dinâmica. Famílias receberam cheques de dois mil dólares do Governo Federal antes mesmo que solicitassem, enquanto empresários tiveram incentivos fiscais e liberação de crédito. Ao contrário do que se acredita popularmente, o governo dos EUA interfere na vida privada de sua população, por meio das instâncias do poder municipal, estadual e nacional. Além disso, existe ainda a administração do condado, que acompanha mais de perto o cotidiano das famílias. Os EUA também colocam em prática programas sociais equivalentes ao seguro-desemprego e o bolsa-família, conhecidos no Brasil como uma política vinculada à ideologia da esquerda democrática. “Isso explica por que, apesar de ganhar bem, o norte-americano médio não se preocupa em fazer reservas ou poupar. Em geral, o trabalhador tem dinheiro para o próximo mês. Porque ele sabe que terá emprego. Se for bem qualificado, então, a recolocação acontece mais rapidamente ainda. As empresas disputam talentos. Mas se vem uma pandemia, uma crise ou uma doença grave na família, ele está despreparado. Então vai pedir pro governo. Uma nação rica tem condições de oferecer boas opções de assistência.”
Partilha e acesso
O especialista lembra ainda que, sob a presidência de Abraham Lincoln, durante a década de 1860, os EUA promoveram uma grande reforma agrária e o Estado passou a regularizar terras a quem demonstrasse interesse. Cada família tinha direito a até 65 hectares, que seriam destinados à agricultura familiar, prevenindo o uso de mão de obra escravizada e garantindo o direito ao espaço, ao trabalho, à moradia e ao alimento. Atualmente, 90 milhões de estadunidenses são descendentes de assentados que receberam terras do Estado. “Os EUA taxam grandes fortunas, coisa que o Brasil até hoje não fez. Dito isto, quando o governo constata a necessidade de um setor ou uma disputa intensa com produtos estrangeiros, corta tributos e impulsiona a economia, porque entende que o dinheiro que seria gasto em impostos será reinvestido no próprio negócio. Mas e se o empresário não usar o dinheiro desta forma? O dinheiro fica no banco e é oferecido em empréstimo para outros empresários. Uma consequência do corte de impostos é a mitigação da desigualdade social.” O acesso ao financiamento imobiliário também é facilitado, inclusive para estrangeiros. Embora o salário mínimo tenha variação entre os Estados, trabalhadores generalistas da classe média podem arcar com juros baixos de uma residência para 4 pessoas (um casal com dois filhos). Para ajudar a compreender, Nicolau faz uma conta: “perguntei a um residente do Brasil quanto está para encher o tanque de um Corolla. 400 reais. Aqui, nos EUA, custa 50 dólares. Mas pelo salário mínimo do Estado onde moro, esse valor representa metade de uma manhã de trabalho, enquanto no Brasil, o cidadão precisaria trabalhar dez dias para pagar esse mesmo combustível, já que o salário mínimo está em R$ 1.412”, conclui.
Publicado por Heverton Nascimento