Com mercado de olho no Fed e no risco fiscal brasileiro, dólar tem quinta alta seguida e ultrapassa R$ 5,26
Divisa americana teve um avanço de 1,61% nesta terça-feira, alcançando o maior valor desde março do ano passado; movimento foi impulsionado pela percepção de que os cortes de juros nos EUA podem ser limitados
O dólar teve um avanço de 1,61% nesta terça-feira (16), encerrando o dia cotado a R$ 5,2688 e chegando a flertar com o nível de R$ 5,29 durante a manhã, atingindo uma máxima de R$ 5,2875. Esse foi o quinto dia consecutivo de valorização da moeda americana, acumulando um aumento de 5,21% no período e 8,56% no ano e chegando ao maior valor desde março de 2023. O movimento de alta foi impulsionado pela percepção crescente de que os cortes de juros nos Estados Unidos pelo Fed (Banco Central americano) podem ser limitados neste ano, o que levou a uma elevação das taxas dos Treasuries e impactou negativamente as moedas emergentes. Além disso, o real enfrenta um aumento da preocupação com o risco fiscal doméstico após anúncios que indicam mudanças nas metas de resultado primário.
Operadores observaram uma saída de recursos da Bolsa brasileira e um aumento na demanda por dólares por parte de estrangeiros no mercado futuro. O volume de negociações com contratos de dólar futuro para maio foi significativo, superando US$ 24 bilhões. Dados da B3 mostraram que investidores não residentes aumentaram suas posições compradas em derivativos cambiais em quase US$ 3 bilhões, atingindo cerca de US$ 69 bilhões. As tensões geopolíticas, especialmente no Oriente Médio, com possíveis conflitos entre Israel e Irã, também contribuíram para a busca por dólares como ativo seguro. No cenário internacional, o índice DXY, que mede a divisa americana em relação a seis moedas fortes, operou em leve alta e ultrapassou os 106,500 pontos ao longo do dia.
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O real teve o segundo pior desempenho entre as moedas emergentes, sendo superado apenas pelo peso mexicano. Analistas apontam que o fortalecimento global do dólar ocorre em um momento em que investidores exigem maiores prêmios de risco para investir em ativos brasileiros, devido à deterioração do quadro fiscal. Em declarações durante reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o ambiente externo explica a maior parte do movimento dos ativos brasileiros, mencionando a incerteza relacionada ao Oriente Médio como um fator importante. Ele ressaltou a necessidade de uma melhor explicação sobre as contas públicas no Brasil. A alta do dólar também teve impacto no mercado interno, com o Ibovespa registrando a quinta sessão consecutiva de queda, refletindo a cautela dos investidores.
*Com informações do Estadão Conteúdo